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Vacina contra a dengue: por que pessoas com 60 anos ou mais não podem se vacinar?

Vacina contra a dengue: por que pessoas com 60 anos ou mais não podem se vacinar?

Grupo que mais apresenta casos graves pela doença não foi contemplado na campanha de vacinação do Ministério da Saúde

Integrantes do principal grupo de risco para dengue, os idosos já totalizam quase 90 mil casos prováveis da doença em 2024, segundo dados do Ministério da Saúde.  Entre a faixa etária de maior incidência, (60-69 anos), foram registrados 44 mil casos prováveis de dengue até este mês. 

Mesmo sendo grupo de risco, os idosos não foram contemplados na campanha de vacinação contra a dengue pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina (QDenga) apresentou uma eficácia de 80,2% na prevenção da doença e foi aprovada pela Anvisa em março de 2023. Desde julho, ela pode ser comercializada em farmácias e clínicas particulares. Porém, a vacina só é recomendada para a faixa etária de 4 a 60 anos.

O médico infectologista Fernando Chagas explica que a vacina da dengue não foi testada para  a faixa etária dos idosos. Segundo ele, existem poucos dados da vacina para essa idade.

“Os testes da vacina da Qdenga foram feitos em populações específicas. Só que as populações acima de 60 anos não entraram nos testes. Então, não há histórico, por exemplo, de efeitos adversos, algum risco específico para populações acima dos 60 anos. Não é isso. É só uma questão de cautela por conta dos dados. Nós temos poucos dados da vacina nessa idade. Mas é questão de tempo para oficialmente, acima dos 60 anos, ser aplicada a vacina contra a dengue”, explica.

No entanto, em clínicas particulares, a vacinação para população acima dos 60 anos pode ocorrer se houver recomendação médica. Foi o caso da servidora pública Lindalva Alves, de 67 anos. Ela conta que por ter dengue hemorrágica duas vezes, foi recomendado a aplicação do imunizante.

“Como  já tive duas vezes dengue hemorrágica e todas as 2 vezes fiquei muito mal, tive que passar por internações hospitalares. Eu perguntei ao cardiologista que me acompanha se valeria a pena tomar a vacina. Ele recomendou que tomasse e me deu a requisição. O laboratório pediu a requisição médica para que pudesse me aplicar a vacina, porque eu já tenho mais de 60 anos. Tomei a primeira dose da vacina da dengue no dia 26 de janeiro — e a segunda devo tomar no dia 26 de abril”, diz.

Além de idosos, há restrições para outros grupos, como ressalta o infectologista. “A gente tem que avaliar também a questão da fragilidade da pessoa. Porque a vacina é composta de vírus atenuado, então é o vírus vivo. Por se tratar de um vírus vivo, mesmo sem a capacidade de causar doenças, a gente prefere, por segurança, não aplicar vacina em pessoas com a imunidade prejudicada. Então, pessoas que fazem quimioterapia, pessoas que usam medicamentos que enfraquecem a imunidade, como por exemplo, corticoides em dose alta acima de 15 dias consecutivos, gestantes, pessoas que estão amamentando. Inicialmente, a gente prefere não aplicar vacina nessas populações por segurança”, afirma.

Já a restrição para crianças menores de 4 anos tem outro motivo. “Infelizmente, as crianças abaixo de 4 anos não criaram uma resposta tão boa quanto ao vírus. Então, não faz sentido aplicar numa população que não cria uma resposta tão boa com essa vacina”, explica Chagas.

Como proteger os idosos da dengue?

A melhor forma de prevenção da dengue é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. O infectologista Fernando Chagas destaca as principais recomendações.

“É importante que se limpe o ao redor da casa pelo menos uma vez na semana, lembrando inclusive de tapar os ralos, porque os ralos também acabam guardando água. Geralmente, o ciclo de produção de reprodução do vírus dura 10 dias. Então, se você limpa uma vez por semana, você já quebra o ciclo de transmissão”, orienta.

Também é aconselhável o uso de repelentes, como destaca Chagas. “E esses idosos, como maior risco, assim como gestantes, podem utilizar também protetor repelente contra o mosquito. É importante que se veja se procure uma substância chamada caridina. Vários repelentes têm caridina e a caridina é muito potente contra o Aedes aegypti. Pode utilizar esses repelentes só pela manhã ou usar no finalzinho da tarde. Outra solução também seria você colocar telas nas portas das janelas de casa e no final da tarde, às 16h ou 17h, fechar tudo para evitar que o mosquito entre nesses horários”, ressalta.

Vacinação contra a dengue

Segundo o Ministério da Saúde, a distribuição das doses da vacina contra a dengue e a divulgação do calendário de vacinação devem ocorrer até o fim desta semana. Inicialmente, 521 municípios de 16 estados e o Distrito Federal preenchem os requisitos para o início de vacinação. A vacinação vai contemplar crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. A faixa etária é a segunda maior a apresentar internações pela doença, após os idosos. 

Conforme a pasta, ao todo 5,2 milhões de doses da vacina deverão ser entregues ao longo de 2024. A pasta prevê que cerca de 3,2 milhões de pessoas devem ser vacinadas neste ano. A primeira remessa, com cerca de 757 mil doses, chegou ao Brasil em 20 de janeiro. Outra remessa, com mais de 568 mil doses, está com entrega prevista para fevereiro.  Para 2025, a pasta já contratou outras 9 milhões de doses. 

Paralelamente, o Ministério da Saúde informou que está trabalhando para ampliar a produção de vacina contra a dengue no Brasil. De acordo com a pasta, a ideia é unir e coordenar esforços para “ampliar o acesso de toda população às vacinas Qdenga, produzida pelo laboratório japonês Takeda e Butantan-DV que está em desenvolvimento pelo Instituto Butantan”. O Ministério da Saúde informou que as duas instituições manifestaram interesse em atuar em conjunto para acelerar a produção de vacinas no Brasil.

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Fonte: Brasil 61

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